O médico Leandro Boldrini voltou a ser julgado, nesta segunda, pela morte do filho Bernardo Boldrini, em 2014. O júri popular ocorre no Fórum de Três Passos, no noroeste do Estado. O julgamento, transmitido ao vivo pelo canal do Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) no YouTube, é presidido pela juíza Sucilene Engler Audino.
Em 2019, Leandro havia sido condenado a 33 anos e oito meses de prisão pelo assassinato do filho. No mesmo julgamento, também foram condenados a madrasta da criança, Graciele Ugulini, acusada de executar o crime, e dos irmãos Edelvania e Evandro Wirganovicz, cúmplices do homicídio.
Durante a manhã, foram apresentadas provas em formato de vídeo e ligações. A primeira prova analisada foi um vídeo de Bernardo pedindo socorro e outros vídeos filmados pelo pai, no qual Bernardo tem contato com um facão e outro em que a criança está presa dentro de um armário. Leandro chorou durante a reprodução das imagens e chegou a deixar o plenário por um período.
Além dos vídeos, foram utilizadas interceptações telefônicas, a maioria delas entre o período de 11 e 25 de abril de 2014 do mesmo ano. Pela tarde, os trabalhos foram retomados com o depoimento da primeira testemunha de acusação, a delegada de polícia Caroline Virginia Bamberg Machado, que conduziu as investigações à época. O depoimento durou toda a tarde e avançou durante a noite, com perguntas tanto do Ministério Público (MP) quanto da defesa do réu.
O depoimento da delegada Caroline Machado durou seis horas e, ao ser encerrado, por volta das 20h20min, também foi finalizado o primeiro dia do júri. O julgamento irá recomeçar às 8h30min desta terça-feira (22), com o depoimento da delegada Cristiane Braucks.
O crime
Bernardo tinha 11 anos quando desapareceu, em Três Passos, no dia 4 de abril de 2014. Seu corpo foi encontrado 10 dias depois enterrado em uma cova às margens do Rio Mico, em Frederico Westphalen. No mesmo dia, Leandro e e Graciele foram presos, suspeitos do crime, e seguem na cadeia até hoje.Apenas o julgamento de Leandro Boldrini foi anulado.
No final de 2021, a 1ª Câmara Criminal do TJ-RS considerou que houve quebra da paridade de armas durante o interrogatório do médico. No entendimento do Colegiado, os promotores de Justiça não se limitaram a formular perguntas ao réu, mas sim fizeram argumentações sem que os advogados de defesa pudessem contrapor. Naquela primeira vez, o médico negou o assassinato do filho, versão que deve ser mantida pelo advogado de defesa, Ezequiel Vetoretti.
As condenações
Quem foi condenado pelo júri popular, em março de 2019, pela morte de Bernardo:
Leandro Boldrini – Pai, condenado a 33 anos e 8 meses de prisão, mas teve o júri anulado e foi a novo julgamento nesta segunda.
Graciele Ugulini – Madrasta, condenada a 34 anos e 7 meses
Edelvânia Wirganovicz – Amiga de Graciele, condenada a 22 anos e 10 meses
Evandro Wirganovicz – Irmão de Edelvânia, condenado a 9 anos e 6 meses. Está em liberdade condicional desde março de 2019
Fotos: Márcio Daudt (TJRS)
Atualizado as 20:55 de 20 de março de 2023.